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IFRS 18: Transformando a apresentação e a divulgação das demonstrações financeiras

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    FinState
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura

Por Adrion Pires e Paulo Silva | Especialista em IFRS

A cada ciclo de evolução das normas internacionais de contabilidade, o mercado se depara com desafios e oportunidades que redefinem o modo como as empresas comunicam seus resultados.

A recém-lançada IFRS 18 representa um desses momentos decisivos: com mudanças que prometem transformar a forma de apresentação e divulgação das demonstrações financeiras, a norma desperta a atenção de profissionais que buscam mais transparência, clareza e alinhamento global.

Entender as motivações, as novidades e o impacto prático dessa atualização é essencial para organizações e investidores que desejam permanecer relevantes e competitivos.

1. Contexto e propósito da nova norma

Em 9 de abril de 2024 o IASB emitiu a IFRS 18 – Presentation and Disclosure in Financial Statements, (Apresentação e Divulgação nas Demonstrações Financeiras). A nova norma substitui integralmente a IAS 1, mantendo vários de seus requisitos, mas introduzindo conceitos que atendem às demandas dos investidores por aprimoramento na comparabilidade e transparência das informações divulgadas.

2. Vigência e opção de aplicação antecipada

A IFRS 18 é obrigatória para períodos anuais iniciados em ou após 1º de janeiro de 2027, mas a adoção antecipada é permitida desde que revelada. Isso oferece um período de transição precioso para adaptação de sistemas, processos e políticas contábeis. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC já trabalha na revisão da norma para fins de GAAP brasileiro.

3. Nova estrutura do resultado

O ponto mais visível da IFRS 18 está na demonstração do resultado, que passa a organizar receitas e despesas em três categorias:

Categoria

Abrangência

Exemplo típico

Operacional

Fluxos gerados pelas principais atividades do negócio

Vendas de mercadorias

Investimento

Recursos aplicados fora das operações principais

Ganhos em participações não-consolidadas

Financiamento

Custos de capital de terceiros e instrumentos análogos

Despesas de juros sobre empréstimos

Além disso, dois subtotais passam a ser obrigatórios: lucro operacional e lucro antes de financiamento e imposto.

4. Subtotais padronizados e comparabilidade

Os novos subtotais criam uma “linha de chegada” comum para análises setoriais, permitindo que usuários isolem desempenho operacional de efeitos de estrutura de capital e decisões de investimento. Empresas que já divulgavam EBIT ou EBITDA precisarão reconciliar essas métricas com os subtotais definidos pela norma, reforçando a comparabilidade intercompanhias.

5. Medidas de desempenho definidas pela administração (MPM)

A IFRS 18 reconhece a utilidade das medidas de desempenho da gestão, mas exige disciplina: qualquer sub-total alternativo que a administração utilize em comunicações públicas deverá ser identificado como MPM e explicado numa única nota – incluindo reconciliação com cifras IFRS e justificativa de utilidade para investidores.

6. Desagregação aprimorada e rótulos claros

A norma introduz princípios para agregação/desagregação de linhas, exigindo rótulos que reflitam a substância econômica e evitem agrupamentos que ofuscam informações relevantes. A intenção é reduzir inconsistências na forma como entidades semelhantes classificam custos (por exemplo, despesas de pesquisa ou marketing).

7. Impactos para o Brasil

No ambiente brasileiro a IFRS 18 será incorporada via CPC (a ser emitido), com homologação pela CVM, BACEN, CFC e demais reguladores. A experiência mostra que o lapso temporal entre emissão internacional e a adoção local costuma ser curto. Portanto, companhias abertas devem iniciar testes paralelos já em 2025 para gerar comparativos em 2026. Particular atenção deve ser dada à escolha do método de apresentação (por função ou natureza), pois afeta divulgações obrigatórias adicionais.

8. Checklist de preparação

  1. Análise de diferenças entre IAS 1 e IFRS 18 para identificar ajustes de contas contábeis e mapeamentos no ERP.

  2. Redesenho da demonstração do resultado com novos subtotais e categorias.

  3. Política de MPM: definir critério de seleção, governança e processo de reconciliação auditável.

  4. Treinamento de equipes nas áreas contábil, de relações com investidores e de controladoria para assegurar narrativa consistente em releases e apresentações.

  5. Comunicação antecipada aos investidores quanto aos impactos esperados, evitando surpresas em transições de KPIs.

9. Preparação Estratégica para a Implementação da IFRS 18 no Brasil

A IFRS 18 inaugura uma nova era de apresentação das demonstrações financeiras, equilibrando flexibilidade gerencial e disciplina informacional. Para os profissionais de contabilidade, o desafio vai além de realinhar planilhas: exige repensar como as demonstrações contam a história do desempenho. Quanto antes as empresas iniciarem esse processo, mais suave será a transição e maior o valor gerado para acionistas que dependem de informações claras, coerentes e comparáveis.

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